2.5.20

30 | Carta para o teu Reflexo no Espelho

O conteúdo desse post foi kibado diretamente da listinha de Desafio de 30 Cartas que vi no blog da Shana (www) e da Nat, que eu peguei de intrometida, mas nem por isso vou deixar de creditar. Acredito que o desafio consistia em postar uma carta por dia, mas eu não ia ter paciência tempo para isso tudo. Nesse caso vou pegar só alguns tópicos mais interessantes (creio que 4 no máximo) e postar aqui pra vocês, hm? Tudo bem profundo, direto do meu kokoro, como vocês gostam.


E aí camaradinha, como vai? 

Ficar em casa nunca foi um problema pra você, mas estranhamente essa quarentena tem sido um teste bem hercúleo pra essa sua cabecinha que pensa, pensa, talvez até mais do que o recomendado. É um costume estranho que você criou depois de experiências ruins com as pessoas, e que você precisa melhorar, sinceramente. Uma pessoa não responde pelo resto delas, vê se entende isso de uma vez, hm? Além disso, não tem problema errar, você precisa se jogar mais um pouco, deixar de ser hesitante. Você não é uma santa, e tudo bem. Você não precisa agradar todo mundo, você não é perfeita.

Mas vamos falar de outras coisas sim?

Você tá meio gordinha, mas felizmente isso não te incomoda mais. Só tenta se segurar pra não comer besteiras demais, você sabe bem do teu histórico familiar: hipertensão, diabetes e tudo mais. Não pense demais sobre isso, só coma o necessário e tá tudo certo. Seus cabelos estão bem grandes, e por mais que você sinta saudades das madeixas curtas, ainda que elas tenham incomodado muito algumas pessoas, você precisa admitir: tá linda demais. Seus dentes da frente continuam um por cima do outro, mas seu sorriso e a sua risada estranha, a famigerada hiena com tuberculose, aprenderam à serem felizes com sinceridade, e você está finalmente deixando tua voz animada ecoar pelos quatro cantos do mundo, desinibida, desavergonhada e debochada também, porque não? As roupas caem bem em você de uma forma sem igual, porque você aprendeu a ver assim.

Levaram anos de ódio, tristeza e insatisfação para que isso acontecesse, tanto que você passou anos sem querer se olhar no espelho, lembra? Você queria ser como aquelas meninas esguias, de dedos longos e unhas bonitas, que conseguiam vestir roupas podres de feias e mesmo assim parecerem modelos da Versace. Era estranho como tudo o que elas vestiam parecia certo nelas e errado em você - e sabe porque? Nunca as roupas estiveram erradas em você. A sua visão sobre você mesma estava errada. E, pelas deusas, ainda bem que você aprendeu à aprender com isso, à reconhecer sua beleza e sua feiura com orgulho, abraçando-as e gritando "Sim! Elas existem! E daí? Deixe que existam!". 

Hoje compreendemos quem Livia é, e apesar dos demorosos anos que isso levou, hoje sabemos (mais ou menos) a resposta. Livia é a menina que gosta da paz, de um bom livro e de um bom café, mas que não tem sangue de barata e não deixa injustiças passarem. Uma pessoa idealista, que costuma pensar nos outros antes de se própria, e mesmo já tendo quebrado a cara várias vezes com isso, é assim que ela é - não há o que fazer. Alguém que buscou amor em muitos rostos e frases, que lhe foram insípidas até que ela passasse a se amar.

Ela foi alguém que se vitimizou demais também, durante muito, muito tempo, até compreender que nem sempre quem só faz esperar alcança - ela também precisou agir.

Livia ainda é muito nova pra argumentar como se fosse a sábia das sábias sobre vida e experiências com amor próprio, mas, nessa etapa, ela já descobriu um de seus mantras: que ela é única, a única do tipo dela, válida e preciosa em cada uma das suas (im)perfeições.

Sempre lembrando de você e do quanto você cresceu e ainda tem para crescer, 

Lives.

Night has found me just in time 
To help me close my eyes 
One more time
- a-Ha, Living a Boy's Adventure Tale

(e que esses versos que um dia te fizeram chorar até dormir te acompanhem na felicidade melancólica que você tanto gosta de sentir)

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