
DO QUE SE TRATA?
Fushigi Yuugi (Mysterious Play) é um mangá shoujo de Yuu Watase (Ayashi no Ceres, Zettai Kareshi) e provavelmente sua obra mais conhecida. O mangá foi publicado entre 1992 e 1996, totalizando 18 volumes e 106 capítulos. Sua publicação em terras brasileiras foi especialmente marcante, por ser o primeiro shoujo publicado pela Conrad, ainda que tenha sido naquele formato terrível de meio-tanko. Na trama, acompanhamos Miaka Yuuki, uma jovem colegial cujos maiores problemas eram ter de lidar com a pressão do vestibular chegando e a relação complicada entre ela e sua mãe. Tudo muda em um dado dia, quando ela vai para a biblioteca com sua melhor amiga, Hongo Yui, e acaba sendo atraída por uma força misteriosa até a ala restrita do local. Miaka e Yui acabam encontrando um livro chamado "O Universo dos Quatro Deuses", que eventualmente as transporta para o universo no qual a história daquele livro se passa, numa China antiga fictícia. Miaka descobre ser a sacerdotisa de Suzaku, um dos quatro deuses-besta, e é encarregada da difícil tarefa de reunir os seiishis, os sete guerreiros da constelação de Suzaku, para juntos invocarem o deus e pedirem pela salvação do reino de Konan, que está na iminência de uma trágica guerra. Entre conflitos à se resolver e pessoas à buscar, Miaka conhece o jovem Tamahome, um dos guerreiros de Suzaku, e os dois acabam se apaixonando. Esse romance, no entanto, vai encontrar uma série de obstáculos para poder acontecer — isto é, não bastasse o fato da Miaka ter escolhido para husbando justamente um personagem fictício.
O AMOR CRUZA BARREIRAS ATÉ ENTRE UNIVERSOS


2) A História é uma Estrada Longa e Cheia de Buracos. Vejam bem, Fushigi Yuugi tem duas fases no mangá. Existem muitas reclamações acerca da segunda fase, e eu até concordo a pouca necessidade dela, mas consegui me divertir tanto nessa parte que deliberadamente ignoro esse fator. A adição do Taka Sukunami à história foi muito grata inclusive. A minha questão de verdade é: muito tempo foi perdido com círculos viciosos. Um tempo que podia ser aproveitado para desenvolver personagens, mas foi investido em desenganos do Tamahome e da Miaka. Sério, dos seiishis de Suzaku, apenas Tamahome, Nuriko e Chichiri detém algum carinho da minha parte, pois teve história, teve atenção por parte de autore. Mas e o resto? Eu fico espantada com o destino cruel ao qual o Hotohori, por exemplo, foi relegado. Um personagem inicialmente importante, que deveria ser a terceira ponta do triângulo amoroso da história, teve sua vida resolvida em off??? Do nada ele aparece casado com uma mulher que a gente nunca viu, a mulher já tá grávida e tudo isso num espaço curtíssimo de tempo? Tipo, quê?! Existem dois seishiis que aparecem mais pra frente na história que possuem só um fiapinho de história, e não dá qualquer razão pra você se importar com eles. Tipo, nenhuma mesmo. Em específico um que mal apareceu, vinte e cinco capítulos depois estava mortinho da Silva. Os últimos suspiros dele foram o máximo de construção que o personagem recebeu.
3) Não tinha nada pior pra usar como recurso narrativo? Vamos àquela que eu julgo ser a maior burrada desse roteiro: usar estupro como recurso narrativo, e do jeito mais furreco possível. Aqui, a coisa acontece do jeito que é dito pela palavra: ocorre um abuso sexual (nenhuma das vezes é explícito, apenas sugerido) que é utilizado como uma desculpa da trama pra ir do ponto A ao ponto B. Um spoiler grosseiro: na maioria das vezes em que os estupros estão prestes à acontecer, alguma coisa impede eles de acontecerem. Se por um lado eu fico feliz (afinal as mulheres foram poupadas de tamanho crime), por outro eu fico extremamente puta, porque parece que foi o jeito mais fácil de fazer a história ir pra frente, sabe? É realmente válido você usar isso dessa forma só por esse propósito, sendo que não se teve função crítica, de construção de universo ou sequer uma sutileza bem trabalhada? Eu não acredito que Yuu Watase romantize isso, afinal as vítimas tem seu lado e seus momentos de trauma após o ocorrido e os culpados não são inocentados de jeito nenhum, mas ainda assim, não é um aspecto bom dentro da trama.
EXTRA) O anime, porque tinha de ser o anime. O anime de Fushigi Yuugi não é terrível, mas também passa longe de ser uma boa adaptação. Em verdade, foi graças à animação que eu tive meu primeiro contato com a obra, mas por mais que eu ame Hikaru Midorikawa fazendo a voz do Tamahome, não é o suficiente para me fazer esquecer dos cortes bizarros do material original, que tornaram o que já era deficiente na trama algo só bem ruim. É triste ver que as animações das obras de Yuu Watase sempre passam por essas coisas - foi assim com Ayashi no Ceres, e também com Fushigi Yuugi. Há também os deméritos da animação, mas ei, não entendo quase nessa área, então deixo para os supostos entendidos da coisa avaliarem.
EXTRA) O anime, porque tinha de ser o anime. O anime de Fushigi Yuugi não é terrível, mas também passa longe de ser uma boa adaptação. Em verdade, foi graças à animação que eu tive meu primeiro contato com a obra, mas por mais que eu ame Hikaru Midorikawa fazendo a voz do Tamahome, não é o suficiente para me fazer esquecer dos cortes bizarros do material original, que tornaram o que já era deficiente na trama algo só bem ruim. É triste ver que as animações das obras de Yuu Watase sempre passam por essas coisas - foi assim com Ayashi no Ceres, e também com Fushigi Yuugi. Há também os deméritos da animação, mas ei, não entendo quase nessa área, então deixo para os supostos entendidos da coisa avaliarem.
"Tá Lives, já que é tão ruim assim, o que faz você gostar tanto disso, e porque diabos eu deveria perder meu tempo com Fushigi Yuugi?". Por incrível que pareça, em meio à tanta coisa ruim no enredo, ela consegue ser muito envolvente. De verdade. Ela taca cliché, drama, romance meloso, tudo na sua cara e ainda consegue ser envolvente. Fushigi Yuugi consegue prender sua atenção, fazer com que você queira saber o destino dos seiishis e das sacerdotisas, bem como o que aconteceu com as Genbu e Byakko no Miiko, que vieram antes da Miaka e da Yui. O universo como um todo é muito bom, e a cadência dos eventos, bem como as decisões de enredo muito bem acertadas de Watase-sensei, dão aquela sensação gostosa de estar assistindo à um bom novelão, que te deixa instigado e ansioso pelos próximos capítulos. Vamos pontuar alguns aspectos bacanas? Aqui vai:
NURIKO

O TAMAHOME

SPOILER PESADÃO: TAKA SUKUNAMI. Como Fushigi Yuugi não é Inuyasha, ao final da história a nossa protagonista sequer tem a opção de escolher ficar com seu husbando literário. Ao invés disso, o destino lhe dá uma bonificação melhor ainda: Taka Sukunami, a encarnação de Tamahome no mundo real. À despeito das inúmeras falhas da segunda fase da história, eu sou completamente encantada pelo personagem do Taka. Ele é o Tamahome, mas muito mais maduro e tranquilo, além de ser mais racional e mais responsável que o Tamahome. Cada momento que esse homem abre a boca é pura poesia, minha gente! Como não gostar dele? Além disso, ele consegue ser mais cuidadoso e carinhoso com a Miaka, já que a cabeça dele não tem certas barreiras que o Tamahome tinha
O ROMANCE
HONGO YUI

MENÇÃO HONROSA: NAKAGO. Pois sim, o maior vilão de Fushigi Yuugi vai ser encaixado numa menção honrosa, e eu vou explicar os motivos. Eu acho ele um vilão bacana, nojento o suficiente para ser odiado e com um passado conturbado o suficiente para que nós, leitores, entendamos porque ele é assim. No entanto, eu não acho que ele seja bem trabalhado o suficiente para ser aquele vilão canastrão icônico que toma toda a tela pra si quando aparece cofcof Dio cofcof e também não acho que ele seja o suprassumo da vilania. Ele é alguma coisa ali no meio. Ainda sim quero mencioná-lo, acredito que ele mereça.
Em conclusão, eu acredito que Fushigi Yuugi seja o tipo de história que precisa se consumir com boa vontade, paciência e sem muitas expectativas. Em meu coração é uma história muito especial, que faz parte do meu retorno ao mundo dos animes depois de um ano e meio sem ver nada da mídia, e também por ter me apresentado personagens tão maravilhosos e que eu tanto amo. Eu não tenho o hábito de reler as coisas, mas Yuu Watase já me levou para sua Konan umas três vezes, e todas as três vezes terminaram com gosto de quero mais. No entanto, sabendo das visões de Watase-sensei sobre gênero e sexualidade nos tempos atuais, além de sua maior experiência narrativa, eu acabei tomando por um desejo meu ver elu reescrevendo essa história algum dia, aparando as arestas e consertando a comédia ofensiva. Será que um dia isso vai acontecer? Quem sabe. Se foi possível para Fruits Basket ganhar um anime novo tão bom quanto está sendo, acredito que algum dia chegará a vez de Fushigi Yuugi. Até lá, eu vou aguardar aqui, no meu cantinho e por favor, ponham Hikaru Midorikawa como Tamahome de novo, eu imploro!
Prontinho, falei tudo o que eu tinha de falar nesse post. Ficou grandinho, mas acho que a essa altura isso não é surpresa pra ninguém, não é mesmo? E o melhor não é nada, até hoje eu nunca li Fushigi Yuugi Genbu Kaiden, a prequel que conta a jornada da Genbu no miiko. Como eu já li a trama principal, eu já sei como termina a aventura da miiko, mas ainda sim tenho minha parcela de curiosidade. Isso é tudo, um xero e até a próxima <3
Primeiro e antes de mais nada, oiê Livus!
ResponderExcluirTava aqui lidando com o vazio que um certo mangá deixou em mim e do nada (bem do nada mesmo) resolvi vir ler e comentar em algumas postagens suas que deixei passar, só isso mesmo, não sei como você tem andando (espero que com as pernas e que bem, piadas a parte) mas sobre aquele comentário de JoJo, como completa ignorante no assunto acho que um resumo básico ficaria meio aquém da obra, não? Essa sua ideia de ir por partes me parece bem interessante, só dizendo mesmo, o anime apareceu na Netflix mas ainda não me sinto pronta para assisti-lo :B
Agora que coisa boa ler uma resenha sua menina, meus Deus, que saudade eu tinha de ler algo tão completinho e sincero como só você sabe fazer, e que bom e fácil é só clicar em um link, vir até o seu blogue, olhar as postagens antigas e pam é só ler - basta querer. Mas bem, falemos da postagem! Em algum momento eu devo ter dito a você que a única coisa que havia lido de Watase era O Mito de Arata e que em dado momento não consegui custear o mangá e larguei de mão mesmo, pois preguiçosa e pobre eu sou e sei lá, a leitura que tive de sua obra não me cativou o suficiente. Nesse ponto acho que o aspecto afetivo influencia muito, mesmo você lendo sem compromisso ou esperando algo (tipo eu com esse mangá que mencionei acima) algo ali pode te cativar a ponto da obra, mesmo com suas falhas lhe valer a pena (como eu me sinto com Soul Eater e Katekyo Hitman REBORN!) então, vou deixar esse título salvo na continha que criei no MAL e quem sabe algum dia eu leia, não é mesmo?
Acredito que não há nada que uma boa resenha não possa mudar na minha cabeça.
Beijos, Snow!